Jardins verticais exigem cuidados do projeto à manutenção. Veja dicas

Paredes ajudam a levar o verde para os mais variados ambientes e oferecem vantagens termoacústicas e climáticas. Contudo, sua manutenção é constante e perene. Saiba mais

Também conhecidos como paredes verdes, os jardins verticais seguem a mesma lógica da construção civil segundo a qual locais com pouca área podem ser expandidos para cima. Essa é uma das razões pela qual eles vêm ganhando tanta popularidade nas metrópoles, por exemplo, mostrando-se cada vez mais presentes em fachadas e ambientes internos, inclusive corporativos.

Segundo a arquiteta Clariça Caires de Lima, o jardim vertical é um conceito de jardim suspenso para quem tem pouco espaço, mas que mesmo assim deseja trazer um pouco de verde para seu dia a dia. Além de bonitos, eles ajudam a promover o isolamento térmico e acústico de uma edificação.

A solução parte de uma estrutura instalada próxima à parede – da fachada ou de ambientes internos – na qual ficam dispostas as plantas orgânicas. O jardim pode ser montado de diversas maneiras: com estruturas de madeira e vasos cerâmicos, estruturas teladas, entre outras.

A tecnologia atual possibilita utilizar paredes verdes como se fossem quadros, permitindo a aplicação até mesmo sem ponto de água fixo. “Com mecanismos de bombeamento e irrigação, você consegue aplicá-las em qualquer situação, pois basta abastecer o coxo para alimentar o circuito”, explica o arquiteto e paisagista Marcelo Faisal.

É preciso criar uma distância entre o jardim e a parede, para evitar que a umidade transpasse de um para o outro

Marcelo Faisal

VANTAGENS E DESVANTAGENS

Além de oferecer benefícios termoacústicos e melhorar a qualidade do ar, essas paredes ajudam a embelezar ambientes internos e externos. “Contudo, se não forem instaladas corretamente ou receberem os devidos cuidados, o que era fonte de beleza pode virar uma grande dor de cabeça”, ressalta Faisal.

Ele lembra que a necessidade de manutenção dos jardins verticais é constante e para sempre, o que gera um custo fixo.

CUIDADOS

Como a infiltração é um dos problemas associados aos jardins verticais, é necessário criar um isolamento. “É preciso deixar uma distância entre o jardim e a parede, para evitar que a umidade transpasse de um para o outro”, relata Faisal.

Lima ainda destaca a importância de impermeabilizar o local e de se deixar um ponto hidráulico perto para facilitar e até mesmo viabilizar a irrigação.

Também é fundamental acertar no posicionamento das paredes verdes, evitando exposição plena ao sol, e escolher corretamente os tipos de vegetação, levando em conta as características do ambiente.

Outro cuidado é quanto ao controle sistemático da irrigação, seja ela manual ou automática. Para manter a folhagem viva e bonita, regue diariamente e garanta que o jardim vertical receba luz natural ou artificial (para ambientes internos). Além disso, esteja preparado para possíveis substituições das plantas secas.

Pela versatilidade desse jardim, ele pode ser inserido em praticamente todos os ambientes, internos ou externos

Clariça Caires de Lima

LOCAIS DE APLICAÇÃO

“Pela versatilidade desse jardim, ele pode ser inserido em praticamente todos os ambientes, internos ou externos”, afirma Lima. O que vai variar é o tipo de planta a ser escolhida. Para ambientes internos (com menor incidência solar), a opção deve ser para plantas de sombra, como Samambaias, Véu-De-Noiva ou Liríope. Já para ambientes externos (maior incidência solar), utilize plantas mais resistentes, como Hera Inglesa, Russélia ou Colar de Pérolas.

Para as aplicações internas, deve-se atentar à luminosidade. “Dá para complementar a necessidade de luz natural com suplementos que fornecem os nutrientes necessários, mas a luz natural é o que traz vida e beleza para a planta”, destaca Faisal.

SUSTENTABILIDADE

Embora a solução seja capaz até mesmo de criar um microclima, Faisal ressalta a importância de tomar os devidos cuidados com a irrigação, o que deve acontecer já na fase de projeto. “Deve-se ter uma preocupação com a sustentabilidade e com a água de reúso, para não desperdiçar água.”

Apesar de não existir uma norma regulamentadora para os jardins verticais, eles podem auxiliar na busca de certificações sustentáveis. A proteção termoacústica garante menor consumo com climatização e maior conforto interno. Porém, para Faisal, apesar de auxiliar na obtenção dos certificados, os benefícios naturais não serão os mesmos de um jardim tradicional. “A compensação ambiental de uma parede verde jamais chegaria aos pés dos jardins tradicionais, principalmente pela fixação de carbono”, menciona.

ALTERNATIVAS

Para quem deseja menor manutenção ou um resultado diferenciado, existem algumas alternativas aos jardins verticais tradicionais. Uma delas é a utilização de plantas artificiais que proporcionam o benefício estético da solução, mas oferecem manutenção bem mais simples. É necessária apenas uma limpeza simples com espanador. Entretanto, se a intenção também é sustentabilidade, essa não é a melhor escolha.

Se existir a possibilidade de plantio em terra, uma saída podem ser as trepadeiras. “Com um ponto de solo, pode-se utilizar cordoalhas ou treliças para fazer as trepadeiras ganharem paredes, sem a utilização de espécies pendentes”, explica Faisal.

Leia também: Jardins verticais: importantes ferramentas de compensação ambiental urbana

Fonte: AECweb

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *